quinta-feira, 17 de julho de 2014

Perdi e daí? (...) Fui massacrado e daí (...) : By Marcelo Cunha

Marcelo Cunha (ELO 2209)
 escritor e integrante da equipe Xadrez Arte
Há três, e somente 3, resultados possíveis numa partida de xadrez, ei-los: 1 - 0 (vitória), 0 - 1 (derrota) e 1/2 - 1/2 empate, sem falar nos casos excepcionais, para não dar aqui aqui um tom de verdade absoluta/peremptória, tais como resultados advindos de "bye" ausente ou anulação de partida, ressalto aqui que não tenho muita certeza a respeito desses casos excepcionais e se eles existem mesmo (!) pois requer conhecimento abalizado de arbitragem.
Pois bem, voltando aos resultados corriqueiros do "chess", vitória, derrota e empate, o que dizer então da vitória que vale 5, 10 ou mais pontos, derrota que vale -5, -10 ou menos pontos, e empate que vale 5, 10 ou mais pontos?
A respeito da vitória inflacionada, é possível ser consequência do ego, ou daquele adversário que tava engasgado, ou de um êxito de alguma abertura supervalorizada pelo contricante vencedor. Esses pontos permeiam a área sob a ótica da psicologia, creio eu, e despendem energia, esforço e concentração, desviando ambos os jogadores do real objetivo da partida de xadrez, ou fazendo com que a concentração não seja plena para o que está ocorrendo no tabuleiro (peças brancas contra peças pretas).
Falemos então da derrota "deflacionada", por que ocorre esse fenômeno? Vão aqui algumas considerações: seria o efeito inverso da psicologia, que de fato, foi irradiada pelo jogador que queria massacrar o ego do coitado do outro jogador, que não teve meios de se defender dos ataques extra-tabuleiro, pode acontecer também por culpa do jogador perdedor e um dos comentários comuns seria: como é que perco para aquele cara? puxa, eu tava ganho, e perdi? como é que fui massacrado nessa minha adorável abertura Polonesa (nome hipotético).
No tocante ao empate que vale mais de 1/2 ponto, ocorre, à vezes, quando um jogador empata com outro supostamente mais forte, surgindo possíveis comentários não só do jogador supostamente mais fraco como também da platéia que esperava ávida pelo resultado da partida, tais como: pelo menos empatei, já que meu adversário tinha obrigação de ganhar (e aqui eu lanço a pergunta, tinha mesmo?), como é que "tu perde" para aquele cara?
Após esses breves comentários, finalizo aqui dizendo que é possível amainar esses efeitos nocivos acima citados com o estudo contumaz dos finais, meio jogo, e como já disse repetidas vezes: com o treino de cálculo.
Segue aqui uma posição interessante que não guarda relação com o texto acima, o intuito é só aguçar a visão tática:

Magnus Carlsen x Vladimirov - Dubai Open 2004
Essa posição é oriunda da partida entre o atual campeão mundial Magnus Carlsen e Vladimirov - Dubai Open 2004.
Vladimirov poderia ter optado pela tentadora jogada (aqui não citarei o curso normal da partida) 1...Bc6, talvez tenha previsto a preparação prévia excepcional do Carlsen, 2 De2 Bh1, 3 Ce6 De7, 4 Bf5!!, vejam que posição fantástica, lembrando posições compostas (treinem finais artísticos e problemas compostos!), as negras não tem como evitar Td8 seguido de  Cc7! mate (e que mate estarrecedor), a menos que queiram perdas materiais irreparáveis.
Marcelo Cunha Guimarães

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